
SHAKA ZULU


Texto Introdutório
Ao mesmo tempo em que Napoleão Bonaparte conquistava parte da Europa, nascia na África um guerreiro que, num feito comparável ao de Alexandre o Grande, expandiu a nação Zulu. Com ideias visionárias, Shaka fundou o Império Zulu, uma potência militar no século XIX, conhecida por seus guerreiros destemidos que se lançavam ferozmente ao combate, massacrando os inimigos e chegando a derrotar, anos depois, a mais poderosa nação europeia.
Filho indesejado do chefe Senzanga Khoma, de um dos clãs mais fortes dos Zulus, e de Nandi, uma mulher Lengani, recebeu o nome que os Zulus davam a um parasita intestinal; quando Nandi engravidou, de desagradável que era na tribo diziam que ela não estava grávida, apenas tinha um shaka na barriga. Ele e a mãe acabaram sendo expulsos da tribo e foram acolhidos por Dingiswayo, o mais importante dos chefes do sul. Sob o amparo de Dinginswayo, tornou-se um guerreiro imponente e comandou com distinção um dos regimentos do seu protetor, ganhando experiência em guerras e campanhas que ampliaram o território de Dinginswayo. Durante este período, ele aperfeiçoou as técnicas militares e de combate. Não apreciava os rituais que antecediam as batalhas e dos lugares escolhidos, com encostas suaves, para melhor apreciação dos espectadores. Discordava dos embates pouco contundentes, quando os dois exércitos estavam já desarmados, e da benevolência do vencedor que capturava apenas alguma quantidade de gado e mulheres.
Em 1816, após a morte do seu pai, Shaka matou o seu irmão mais velho e assumiu o controle de um clã que tinha cerca de 1.300 pessoas e 300 guerreiros.
Tão logo ele assumiu o comando, uma das suas primeiras providências foi mandar os guerreiros jogar fora as azagaias tradicionais substituindo-as por adagas, proibiu o uso de sandálias e treinou as tropas no endurecimento das solas dos pés, fazendo-os dançar sobre espinhos e pedras batendo os pés com força no chão, até que as solas dos pés estivessem mais duras do que couro. Aumentou o tamanho dos escudos quase à altura de um homem, e treinou os guerreiros defesa e ataque corpo a corpo. Os que não aguentavam e fraquejavam neste treinamento, eram mortos. Durante o reinado de Shaka, os homens combatiam dos 14 aos 60 anos, e nenhum guerreiro podia casar ou procriar antes de lavar a adaga no sangue de inimigos, e somente com seu consentimento, o que acontecia por volta dos 30 anos. Ele formou um batalhão só de mulheres, que devia seguir na retaguarda para cuidar da comida, reparar as armas danificadas e cuidar dos feridos. Ao longo da próxima década, o reino Zulu invadiu e absorveu a maior parte das tribos vizinhas, impondo uma ordem e disciplina cuidadosamente definidas; através de punições brutais, transformara um amontoado de clãs num reino unificado.
O impacto de Shaka na história africana não pode ser subestimado. Em 1825, ele havia conquistado uma área correspondente a 30.000 quilômetros e estabeleceu uma cultura guerreira que dominou o sudoeste da África, partindo do rio Tugela no sul às montanhas de Drakensberg no norte. Embora ofuscado por suas reformas militares, Shaka estabilizou a economia agrária e promoveu o comércio por todo o império. Os resultados benéficos do seu governo eram evidentes. Uma área maior que muitos países europeus e que estivera desorganizada até então, tornara-se coesa e próspera. As centenas de tribos e clãs que viveram até ali na base de cada um por si, se proclamavam agora orgulhosamente de Zulu.
O aparecimento dos primeiros cabelos brancos detonou um processo de loucura irreversível em Shaka. Começou a ordenar mortes e perseguições e os últimos meses de seu reino ficaram conhecidos, entre os Zulus, como o tempo das trevas. Com o caos instaurado no reino, vários conspiradores se reuniram, e em 1828, assassinaram o grande chefe Zulu.
